segunda-feira, 29 de outubro de 2007

DESCUBRA O SEU ESTILO COGNITIVO E DESENVOLVA A APRENDIZAGEM

Estilos cognitivos.
Responda o questionário e descubra o seu estilo cognitivo para desenvolver a aprendizagem.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

QUESTIONÁRIO SOBRE META-APRENDIZAGEM

Após a leitura do texto: O estudante que não sabe estudar, vale a pena responder as perguntas do questionário sobre meta aprendizagem, afim de fazer um plano de desenvolvimento de competências de aprendizagem muito úteis para seus resultados acadêmicos, como por exemplo: organizar seu estudo, que técnica empregar, desenvolver a própria motivação, entre outras.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O ESTUDANTE QUE NÃO SABE ESTUDAR.

Os filhos estudarão - e estudarão bem - se tiverem motivos suficientes e adequados para isso: se desenvolverem e souberem usar as capacidades típicas do estudo: se conhecerem e aplicarem os processos de estudo mais eficazes. O estudo - como todo o trabalho - necessita de motivos, capacidades e técnicas.
Tendo-nos ocupado já dos primeiros requisitos citados, fá-lo-emos agora do método de estudo, apresentando-o também como um problema real que requer algum tipo de solução.

1. O método de estudo influi no rendimento escolar.
Dizíamos no segundo capítulo que o bom estudante trabalha, não em função das classificações escolares, mas para saber, sendo o primeiro não um fim em si mesmo, mas uma conseqüência do segundo. Também aludíamos a que obter uma boa nota nem sempre era uma manifestação de uma boa aprendizagem.
O bom estudante trabalha para saber, para aprender o que se pode esperar dele, tendo em conta as suas capacidades e recursos (tempo, material, etc.) disponíveis. Quem quer e sabe tirar partido das suas possibilidades rende. Por isso tenho insistido, também, em que os pais e os professores devem valorizar os resultados do estudo não como algo independente, mas sim em relação com o que cada filho é, e pode. Tudo isto significa que o ponto de mira deve pôr-se no rendimento.
A questão complica-se quando notamos que o rendimento é conseqüência de fatores muito diversos e que muitos destes fatores ·nos escapam.,. Não é fácil saber em que medida incide cada um deles em cada filho; tampouco é simples controlar de algum modo a sua influência.
No segundo capítulo aludíamos a que o estudo depende de fatores pessoais. ambientais e familiares, e ocupávamo-nos destes últimos. Neste momento, vamo-nos deter num dos fatores pessoais mais importantes do rendimento escolar: como se estuda.
Se muitos estudantes e pais de estudantes fossem mais conscientes da transcendência que tem o método de estudo, estou convencido de que se preocupariam seriamente com esta questão, deixando de ser, assim, um fator tão esquecido.
O estudante que sabe estudar usa melhor as suas capacidades, tirando mais partido delas: sabe estar atento, observar, escutar. perguntar, analisar, sintetizar, memorizar... O problema de porquê tantos estudantes bem dotados e com interesse obtém aprendizagens deficientes (não quiçá em relação à quantidade do aprendido, mas à sua qualidade) mereceria uma investigação séria que permitisse averiguar as suas causas principais.
Suspeito que um desses fatores é que, com freqüência, certas disciplinas de trabalho ou tarefas escolares não servem para pôr em jogo determinadas capacidades dos estudantes, (por estarem mal escolhidas, mal apresentadas ou mal dirigidas). Penso, igualmente, que outra das causas mais importantes reside em que o estudante desconhece as técnicas de estudo que permitem aplicar e aperfeiçoar cada capacidade.
Vamos ilustrá-lo com um só exemplo de técnica de estudo para cada capacidade que citamos a seguir.

Capacidade Técnica de estudo
Estar atento Estabelecer algum objetivo concreto para cada aula ou sessão de estudo.
Observar Saber examinar os diversos aspectos de um objetivo.
Escutar Saber tomar apontamentos.
Perguntar Saber expressar-se com clareza oralmente e por escrito.
Analisar Saber elaborar um resumo ou um esquema de um tema estudado ou de uma aula.
Memorizar Saber rever o estudado.

Um segundo efeito de saber estudar é o de despertar motivações para aprender. lá nos referimos noutro lugar a que o conhecimento das melhores técnicas converte o estudo numa atividade inteligente e com sentido.

A motivação produzida pelo uso de bons processos de estudo corresponde também ao fato de se alcançarem melhores resultados com menor esforço e tempo, quer dizer, aprende-se mais e melhor. Convém recordar aqui o velho princípio pedagógico de que o êxito gera o êxito.

2. Alguns maus hábitos de estudo freqüentes.
Ultimamente estão-se a fazer muitas estatísticas no nosso país acerca de um problema que preocupa seriamente pais e professores: o fracasso escolar. O índice de estudantes que reprovam nalguma disciplina ou que abandonam os estudos é muito elevado. Como este fato é alarmante e constitui notícia, está a ser notícia na imprensa.
Juntamente com o índice dos reprovados publicaram-se também os resultados de alguns inquéritos acerca das causas do fracasso escolar. E, em todos, há um fator que se repete: os alunos não sabem estudar.
São muitos os estudantes - em todos os níveis de ensino - que terminam os seus estudos sem saber trabalhar por conta própria. Não tem uma idéia correta do que é estudar; desconhecem as técnicas de estudo mais elementares; possuem atitudes e hábitos de estudo que se opõem ao fim desta atividade: a aquisição do saber e a formação intelectual.
A seguir exponho uma relação de defeitos típicos na forma de estudar observados ao longo de muitos anos de experiência docente com alunos do ensino básico e unificado:
- excessiva dependência do professor e do livro de texto (pouca disposição para consulta de outras fontes: dicionários, enciclopédias..., e para o diálogo com outras pessoas, companheiros, pais...);
-estudo passivo (falta de reflexão e de sentido crítico, ausência de atividades práticas: formulação de perguntas, realização de esquemas, etc.);
- memorização: abuso ou emprego indiscriminado da memória em prejuízo da aprendizagem compreensiva (adquirir informação sem entender ou sem a compreensão necessária.);
- estudo entendido como mera obrigação imposta por outros (pais, professores...) e exercido. por conseguinte, como simples reação a incentivos ou pressões externas;
- falta de iniciativa perante as dificuldades (de vocabulário, conceitos de difícil compreensão. etc);
- ausência de planificação do trabalho a realizar: não se distribui a tarefa no tempo disponível (é muito freqüente, por exemplo, concentrar todo o estudo nos dias que precedem um exame); não há horário pessoal de estudo; não se perseguem objetivos concretos....;
- não existe auto-avaliação do rendimento pessoal obtido no estudo. Pouca auto-exigência (tanto no tempo dedicado e na intensidade do estudo como, sobretudo, na forma de realizá-lo);

- pouca ou nenhuma participação na aula (para formular perguntas, apresentar problemas, intervir numa discussão, trazer idéias e iniciativas para o trabalho de equipe, etc.);
- não estudar o suficiente, seja por desconhecimento da exigência real de cada matéria e da capacidade pessoal, seja por preguiça ou falta de esforço.
- sérias dificuldades para conseguir a concentração no estudo (o estudante é vítima freqüente das solicitações do ambiente, sendo incapaz de evitar ou vencer distrações);
- falta de hábito de estudo ou costume de trabalhar dia a dia, de um modo organizado e regular;
- não saber ler adequadamente: leitura lenta, com dificuldades habituais para uma compreensão adequada; leitura passiva (sem sublinhar o importante, sem tomar notas, sem rever e criticar o que leu);
- não saber consultar ou utilizar um livro;
- não saber expressar-se verbalmente e por escrito.
As deficiências na forma de aprender não são exclusivas dos estudantes do ensino básico e unificado. Num inquérito feito a alunos do segundo ano de oito Faculdades e Escolas Universitárias, os estudantes destacaram como dificuldades decisivas no seu primeiro ano de estudos universitários, entre outras, as seguintes:
l. Reprovação nos exames por não saberem estudar com eficácia. (40%)
2. Reprovação nos exames por não estudarem o suficiente. (38%)
3. Ter como única meta de estudo a de passarem nos exames. (38 %)
4. Falta de técnica de estudo e de organização do trabalho pessoal. (31%r)
5. Não estudar com regularidade, mas predominantemente nas vésperas dos exames. (31%)
6. Dificuldade para sintetizar: acumulação de conhecimentos não estruturados nem inter-relacionados. (30%)
7. Não saber tomar apontamentos inteligentemente e com eficácia. (26%)
O mesmo inquérito foi aplicado separadamente a professores do primeiro ano do curso de diferentes Faculdades, podendo-se assim comprovar se existia ou não alguma semelhança com as respostas dadas pelos alunos. Os professores coincidiram com os estudantes nas respostas que na relação anterior têm estes números: 2 - (36%), 6 - (36%). .Assinalaram ainda as seguintes deficiências:
- carência de conhecimentos básicos necessários para uma melhor assimilação do ensino. (50%)
- não saber distinguir entre idéias ou conceitos-chave e questões ou aspectos acessórios, nas aulas ou no estudo pessoal. (44%)
- deficiente capacidade de expressão oral e escrita.
- atitude cômoda e utilitária que os leva a interessar-se só “pelo que é necessário estudar”e a pedir que se lhes defina isto com clareza. (24%)
- não saber estudar senão os livros de texto, geralmente memorizando o seu conteúdo. (24%)
A análise da situação que acabamos de realizar permite-nos tirar conclusões.
Uma delas é a seguinte: não se pode afirmar sem mais, que a aprender, se aprende aprendendo, como lógica e segura conseqüência da prática e da idade. .A experiência obtida sem nenhuma orientação contém erros na forma de trabalhar do tipo dos que se assinalaram atrás. Saber aprender supõe conhecer e dominar técnicas de estudo muito diversas que não se podem improvisar.
Com isso não queremos negar a importância que tem o descobrir e experimentar. processos próprios de estudo. Simplesmente desejamos frisar que a inventiva pessoal, apesar de ser boa, é insuficiente. É necessário ensinar a estudar desde o começo da escolaridade, com uma orientação que se adapte ás capacidades e preferências de cada filho e que fomente o estilo pessoal. Esta orientação pode ser programada de algum modo, apresentando objetivos~ sucessivos em função das diferentes idades, mas sem convertê-la numa ‘disciplina’.
Outra conclusão é a de que, como já assinalamos noutro lugar deste livro, muitos maus hábitos de estudo são fomentados pelo método de ensino de alguns professores. Quando. por exemplo, a aula é sempre expositiva e teórica, sem fomentar ou permitir a participação dos alunos ou a aplica~áo prática do aprendido, está-se a favorecer o desenvolvimento de hábitos de estudo passivo, puramente receptivo. de memória... Pelo contrário quando o professor não está centrado exclusivamente na matéria e cria situações, na aula, que permitem a aprendizagem por descoberta e intercâmbio de experiências. está-se a fomentar o uso dc capacidades e técnicas de estudo muito diversas. Com esta última apresentação é possível, além disso, converter a aula num campo de observação e orientar o trabalho dos alunos.
.A orientação no método de estudo é assim uma responsabilidade compartilhada por pais e professores e exige um trabalho de equipe entre ambos. Um bom sistema para coordenar esta tarefa é a existência do preceptorado. Ocupar-nos-emos dele no próximo capítulo deste livro.
Este esforço conjunto de pais e professores para ensinar a estudar não deve dirigir-se exclusivamente aos estudantes mais novos ou aos que reprovam. Já demonstramos como os estudantes. incluindo os universitários, têm maus hábitos de estudo. Com um melhor método de trabalho todo o estudante pode melhorar sempre o seu rendimento.

3. Normas práticas do estudo
Dado que este não é um livro sobre .,técnicas de estudo ., não pretendo aqui descrever com pormenor nenhuma delas. O leitor interessado nesta questão encontrará nas últimas páginas abundante bibliografia. O que me proponho é destacar aquelas normas mais comuns e importantes do estudo bem entendido. Agrupá-las-ei em três partes: planificação, execução e avaliação do estudo pessoal.

Planejamento do estudo.
1 . Escolher bem o lugar e o momento do estudo, de forma que facilitem a concentração e o rendimento.
2. Procurar estudar habitualmente no mesmo lugar e ás mesmas horas.
3. Elaborar um horário de estudo para os diferentes dias da semana, concedendo mais tempo para as matérias mais extensas e difíceis.
4. Fazer um plano concreto de trabalho para cada dia e cada matéria que inclua as atividades a realizar e a ordem em que serão realizadas.
5. Procurar algum motivo que desperte e mantenha o interesse de aprender.
6. Propor algum objetivo concreto em cada sessão de estudo.
7. Assegurar-se de que se compreendeu bem em que consiste a tarefa a realizar.
8. Formular algumas perguntas para as quais gostaria de encontrar boas respostas ao longo do tempo de estudo.

Execução do estudo
1. Começar a trabalhar logo, sem adiamentos injustificados.
2. Esforçar-se por fixar a atenção no período inicial, partindo de algum problema centrado no estudo da lição.
3. Rever previamente o tema anterior. Isto ajuda a descobrir o sentido do novo e a compreender melhor.
4. Fazer do estudo um trabalho reflexivo (localizando o importante, vendo o porquê de algumas afirmações, descobrindo a relação que tem com outras questões...)
5. Trabalhar de forma independente (não pedir ajuda sem ter esgotado antes a iniciativa e recursos pessoais).
6. Procurar descobrir que relação tem o que está a estudar com o que viveu; considerar em que medida as novas idéias e dados afetam a sua opinião habitual sobre as coisas.
7. Propor-se aprender e recordar e não simplesmente ler e informar-se.
8. Usar a capacidade crítica: não aceitar por sistema todas as afirmações; comparar o seu ponto de vista com o do autor; procurar chegar a algumas conclusões pessoais.
9. Estudar de uma forma ativa: sublinhar as idéias principais; consultar o dicionário e outras obras para esclarecer o que náo entender e completá-lo; formular perguntas para apresentar posteriormente ao professor: fazer um esquema que reflita a estrutura e conteúdo básico do tema.
10. Empregar diferentes recursos para facilitar a fixação e retenção do aprendido: escrever e representar graficamente os assuntos mais difíceis de recordar; fazer várias repetições; recitar oralmente e por escrito, etc.
11 . Estabelecer um plano de revisão diário para cada disciplina que fique incluído no horário dc estudo semanal.
12. Tentar aplicar o aprendido quanto antes a situações práticas e continuar a pensar e a falar do tema fora do horário de estudo.

Avaliação do estudo.
1. Responder às perguntas formuladas inicialmente sobre o tema.
2. Fazer resumos e esquemas sem ter o livro à frente e comprovar a seguir se há erros ou lacunas importantes.
3. Pedir a outras pessoas (pais, irmãos-, companheiros de curso, amigos...) que falam perguntas sobre o tema estudado.
Recitar o tema de forma oral (literalmente ou não, segundo as suas características), e depois de gravar num gravador, comparar a sua exposição com o conteúdo do livro. Observar falhas e corrigi-las numa sessão de estudo complementar.
5. Comprovar em que medida as falhas cometidas na resolução dos exercícios e problemas obedecem a lacunas ou erros na teoria que exigem a sua revisão.

Referência
CASTILHO, G. Os pais e o estudo dos filhos, 1. ed. Lisboa: Rei dos Livros, 1985, p.173-187